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Sou Tradutora (inglês/português) profissional, formada em Letras-Tradução pela Universidade Anhembi-Morumbi, atuando há mais de 20 anos no campo técnico e especialmente literário. Traduzi mais de 190 livros até o presente, entre romances, livros de negócios, de autoajuda, biografias, guias, trabalhando como freelancer para editoras renomadas. Também escrevo artigos, crônicas, textos em geral, e acabo de publicar o “Meu Próprio Livro”. I'm a professional Translator (English/Portuguese), with a Letters/Translation degree. I've been working for more than 20 years in the area, with technical and especially literary translation. I’ve translated more than 190 books up to now, among novels, business books, biographies, self-help books, guides, working as a freelancer for renowned publishers. I also write articles, chronicles, general texts, and I’ve just published my own book, called “Meu Próprio Livro”.

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Donde quiera que estés, te sientas en casa acá.

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São inúmeros aqueles que não são mais escritores aprendizes, mas todos somos aprendizes de escritores para sempre...
There are countless ones who are no longer apprentice writers, but we are all writers' apprentices forever...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Paz

      A primeira coisa que chamou a atenção dele foi o sol. Fazia tanto tempo que não saía para o sol. Era uma luminosidade suave, dourada, que envolvia tudo ao redor. E o calor morno na pele era tão agradável. Não havia nuvens no intenso azul do céu. Ele achou que jamais vira um céu tão azul e brilhante. Pombas esvoaçavam de maneira etérea, um tanto ao longe, alvas, graciosas, movendo lentamente as asas com plumas de aspecto tão macio. Seriam pombas, ou anjos?
     Ele começou a caminhar, hesitante em princípio, mas, de repente, percebeu que suas pernas estavam fortes, vigorosas, e não teve medo de andar. Sentiu um prazer absoluto em poder andar novamente, dar passos tão confiantes e firmes sobre a relva verdejante. Olhando ao redor, viu campos de trigo na distância, ondulando sob a brisa, serenos como os de sua infância, quando correra alegremente por entre suas fileiras douradas.
     Notou, então, que agora passava por fartos arbustos com flores em profusão, de todas as cores. Agachou-se para colher uma. Era tão perfumada! Mas o que surpreendeu mais foi sua agilidade. Foi tão fácil se mover para pegá-la! Tornou a sentir a fragrância, respirando fundo, deixando o ar inundar os seus pulmões. Como se sentia bem e disposto, robusto. Olhou para a flor de um amarelo delicado e foi quando viu... Suas mãos. Não estavam mais ossudas e engelhadas. Eram mãos jovens, firmes, saudáveis. Tão belas quanto a flor.
     Admirado e tomado por uma profunda paz, uma paz como nunca sentira antes, continuou caminhando, maravilhado com todos os detalhes, saboreando cada momento. Ouviu o murmurinho de água e não demorou a passar por uma cachoeira. Deteve-se para contemplar a água espumante que escorria por entre as rochas até uma lagoa cristalina. Aproximando-se, molhou os pés na beirada, deliciando-se com o frescor da água, deixando que todos os seus sentidos fossem acalentados pela beleza e tranquilidade ao redor. Continuou caminhando, então, ágil, mas com todo o vagar. Não havia pressa para nada. Tudo era tão convidativo ali.
     Foi naquele momento que a viu. Ela lhe acenava de leve, parada junto a uma árvore frondosa. Não lhe era estranha. Era jovem, bonita, cheia de vivacidade. Ele teve vontade de lhe dar a flor. A flor que segurava com notável firmeza em sua mão. Com passos determinados, mas calmos, prosseguiu enquanto ela lhe sorria e acenava. Ele estendeu a flor e também sorriu quando ela a pegou e suas mãos se tocaram.
     Era a sua amada Conceição.

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