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Sou Tradutora (inglês/português) profissional, formada em Letras-Tradução pela Universidade Anhembi-Morumbi, atuando há mais de 20 anos no campo técnico e especialmente literário. Traduzi mais de 190 livros até o presente, entre romances, livros de negócios, de autoajuda, biografias, guias, trabalhando como freelancer para editoras renomadas. Também escrevo artigos, crônicas, textos em geral, e acabo de publicar o “Meu Próprio Livro”. I'm a professional Translator (English/Portuguese), with a Letters/Translation degree. I've been working for more than 20 years in the area, with technical and especially literary translation. I’ve translated more than 190 books up to now, among novels, business books, biographies, self-help books, guides, working as a freelancer for renowned publishers. I also write articles, chronicles, general texts, and I’ve just published my own book, called “Meu Próprio Livro”.

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Onde quer que você esteja, sinta-se em casa aqui!
Wherever you are, feel at home here.
Donde quiera que estés, te sientas en casa acá.

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São inúmeros aqueles que não são mais escritores aprendizes, mas todos somos aprendizes de escritores para sempre...
There are countless ones who are no longer apprentice writers, but we are all writers' apprentices forever...

terça-feira, 21 de julho de 2015

Bola de Neve

Você não é economista, nem do ramo financeiro e, portanto, acha que não entende nada de finanças. Se você é brasileiro, ou mora no Brasil, não poderia estar mais enganado. Você é um expert no assunto. Você poderia dar palestras, cursos, seminários, consultoria em qualquer parte do mundo. Se você é endividado, então, como a maioria dos nossos conterrâneos, tornou-se mestre supremo da arte das finanças.
Estou para conhecer uma pessoa que ache isso normal, razoável, aceitável, mas, para resumir, é inconcebível que tenhamos uma média de 10% de juros ao mês no cheque especial e 16% no cartão de crédito _ só para citar os mais comuns, fora tudo mais onde juros recaem. Se eu não vivesse aqui, acharia que é coisa de algum episódio de “Alem da Imaginação” _ os vorazes, implacáveis, juros devorando a alma dos endividados. É aterrador.
Se você já entrou alguma vez na famosa “bola de neve”, sabe do que estou falando. Haja gigantesca criatividade brasileira para manter as finanças em ordem. É um tal de usar o cheque especial para cobrir despesas, o cartão de crédito para pagar contas, empréstimos para pagar o cheque especial, cheque especial para pagar empréstimos e cartão de crédito, juros para cobrir juros gerados por juros de juros de juros... acho que deu para entender. Ou não! A questão é: chega um ponto em que o torturado ser humano já não consegue mais dormir à noite; passa pela humilhação de ver seus cartões recusados, estourados, bloqueados; vê os empréstimos e crédito tão generosamente oferecidos antes sendo sumariamente recusados na sua cara; vê seus cheques voltando; é cobrado impiedosamente por credores, é ameaçado de despejo; só ainda não vendeu um rim... (Endividados têm mesmo essa mania de ficar oferecendo rim para cá e para lá _ ainda bem que ninguém leva a sério.) É um poço sem fundo e/ou o fundo do poço. É a fase “Passei por cada papel...” Não há mais saída, não há mais solução... Os familiares e amigos: a) Já te emprestaram e não têm mais como ajudar; b) Estão na mesma situação que você e acham que você dá azar; c) Acham que a culpa é toda sua, te criticam e você que se dane; d) Fogem de você como o diabo da cruz; e) todas as anteriores.
Então, nesse ponto, quando o poço parecia não ter mais fundo... ainda tem. É exatamente nesse ponto que o seu bom e respeitável nome vai para o vinagre. O bom nome que o seu pai te deu, que você deu aos seus filhos, que espera ver prosseguindo glorioso _ ou ao menos limpo _ ao longo das gerações. Esse valente brasileiro, essa criatura atormentada, começa a se perguntar: Onde foi que eu errei? Sou consumista demais, gasto mais do que ganho, não planejo o orçamento, não economizo, “vou para a galera” às vezes, admito; ganho pouco; com esse salário não dá para fazer nada; fiz prestações demais... A lista de recriminações, lamúrias, arrependimentos não tem fim, acompanhada quase sempre de culpa profunda, ódio de si mesmo, ódio dos outros, ódio dos juros, ódio dos malditos cartões de crédito. Deixe só eu resolver essa situação que vou picar todos os cartões de crédito _ incinerar, triturar e jogar o que sobrar no lixão! É uma das primeiras promessas a si mesmo.
Sem que nenhuma autoridade faça absolutamente nada, esses são apenas alguns dos efeitos dos juros extorsivos na vida dos brasileiros. Atualmente, existem cada vez menos investidores e as instituições financeiras e administradoras de cartões fazem do “crédito fácil”/dívidas um produto dos mais rentáveis entre sua clientela. No final das contas, aqueles que “pagam direitinho” acabam pagando é o pato por causa dos maus pagadores. Praticamente não se negocia com quem “paga direitinho”. Há gente que tem estourar o cartão para lá do impensável, comer o pão que o diabo amassou (e achar bom _ pelo menos é pão) para, enfim, depois de meses agonizantes, conseguir um acordo, quitar a dívida (pelo que devia ser mesmo o seu valor real) e dar início a batalha para recuperar o seu bom nome.
Existem inúmeras situações que levam as pessoas, voluntária ou involuntariamente às dívidas, à fatídica “bola de neve” _ desemprego, doenças, carências, remuneração ruim, impulsividade, consumo excessivo, má fé, ilusões... O que acredito é que os endividados não devem se desesperar _ o desespero não leva à nada... de um jeito ou de outro, ele só levará a mais dívidas, com toda a certeza. Todos os que estão nessas situações devem esfriar a cabeça, apagar os incêndios na medida do possível e, depois, repensar sua vida, descobrir onde esteve o erro que desencadeou tudo, a fim de poder consertá-lo. Sei que é fácil falar, que teoria e prática nunca andam juntas, que parece realmente não haver saída, mas há. Sempre há uma saída. Fé, otimismo, pensamentos bons e positivos, autoconfiança, coragem, determinação, parecem apenas palavras vazias, não é? Mas experimente se entregar à descrença, ao pessimismo, a pensamentos ruins, ao desânimo, covardia, apatia, autocomiseração... É aí que a vaca vai para o brejo mesmo. A nossa atitude perante as situações difíceis faz toda a diferença. Não é fácil. É preciso coragem para não esmorecer. Mas, em certos casos, o que se tem a perder? O rim é que não vai ser! A vida é uma só. Então, por que não empregar todo o empenho para consertar o que precisa ser consertado e seguir em frente, buscando ser verdadeiramente feliz? Aqui, neste caso, estamos falando de dívidas. Cada caso é um caso, mas primeiramente, fé e atitude positiva. Depois, fazer de tudo para limpar o seu bom nome, para recuperá-lo. É a coisa mais sagrada que temos como cidadãos: o nosso bom nome. Ele, de fato, abre portas e nos ajuda a prosseguir em busca dos nossos sonhos. (Se o seu nome está sujo na praça, não precisa arrancar os cabelos neste ponto _ hoje em dia, infelizmente, é a coisa mais normal do mundo, ninguém liga, todo mundo sabe dos motivos, está quase todo mundo no mesmo barco.) Mas empenhe-se para recuperar o seu nome; é o primeiro passo. Fé, atitude positiva, corajosa e determinada e nome limpo. Já está melhorando, não é? Daí para a frente, lute com unhas e dentes para ser feliz. Como falei, conserte o que tem de ser consertado e, se preciso for, comece do zero novamente. A vida está aí, só à sua espera. Trabalhe, estude, planeje, programe-se. Comece de novo, por que não? Acho que a melhor maneira de administrar o dinheiro, não importando quanto se ganhe, mas sim o princípio, é dividindo aquilo que sobrar (que temos de fazer sobrar) _ depois de quitadas as contas e dívidas _ entre o presente e o amanhã. Devemos investir em estudos, sonhos e projetos, qualidade de vida e futuro. Temos de trabalhar, mas reservar o que for possível para o lazer. Ele é a nossa válvula de escape. É complicado, mas é necessário haver uma poupança de reserva para emergências, nem que seja depositando uma quantia mensal mínima. E, claro, guardar o possível para o futuro, para que a mesma situação difícil em que uma pessoa se encontra geralmente quando mais jovem não se repita numa época em que precisa ter uma vida mais tranquila. Se de grão em grão, as dívidas crescem, as economias também _ embora não na mesma proporção.
Essas dicas de como pagar ou não fazer dívidas, fugir de juros, procurar juros menores quando o caso, comprar à vista, poupar, etc., são repetidas exaustivamente na mídia _ porque essa é a realidade, não apenas de brasileiros, mas de cidadãos do mundo inteiro (bem, talvez em Dubai as coisas estejam melhorzinhas...)


P.S.: No final das contas, são os bons pagadores que acabam carregando tudo nas costas. Por um lado, sofrem com os juros abusivos, por outro, são vistos como “fonte certa de capital confiável”, como uma compensação para os “rombos” causados pelos inadimplentes. Os seguros pagos também servem para isso. De qualquer modo, o ideal é ser um bom pagador, tanto para a paz de espírito, quanto para o cumprimento do que é certo, de acordo com os bons princípios. Mas o ideal é ser o bom pagador do tipo que paga à vista, pois esse consegue passar bem longe de juros exorbitantes e não acaba pagando o pato por ninguém.

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