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Sou Tradutora (inglês/português) profissional, formada em Letras-Tradução pela Universidade Anhembi-Morumbi, atuando há mais de 20 anos no campo técnico e especialmente literário. Traduzi mais de 190 livros até o presente, entre romances, livros de negócios, de autoajuda, biografias, guias, trabalhando como freelancer para editoras renomadas. Também escrevo artigos, crônicas, textos em geral, e acabo de publicar o “Meu Próprio Livro”. I'm a professional Translator (English/Portuguese), with a Letters/Translation degree. I've been working for more than 20 years in the area, with technical and especially literary translation. I’ve translated more than 190 books up to now, among novels, business books, biographies, self-help books, guides, working as a freelancer for renowned publishers. I also write articles, chronicles, general texts, and I’ve just published my own book, called “Meu Próprio Livro”.

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Onde quer que você esteja, sinta-se em casa aqui!
Wherever you are, feel at home here.
Donde quiera que estés, te sientas en casa acá.

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São inúmeros aqueles que não são mais escritores aprendizes, mas todos somos aprendizes de escritores para sempre...
There are countless ones who are no longer apprentice writers, but we are all writers' apprentices forever...

domingo, 26 de janeiro de 2014

A Arte da Escrita


     O velho ditado de que “ninguém nasce sabendo” não é totalmente correto. Nascemos sabendo ao menos uma coisa. O nosso dom. Seja lá em que parte da nossa vida consigamos descobri-lo e desenvolvê-lo.
     Acredito que escrever é um dom, uma vocação, que temos desde pequenos, como pintar ou cantar. O que acontece com os dons é que podemos desenvolvê-los, aprimorá-los com o tempo. Mas se uma pessoa não nasce com determinado dom _ e todos nascem com um ou mais _, esse dom não pode ser criado, fabricado. Quando se tenta fazer isso, o resultado soa falso, artificial, ou, no máximo, sofrível.
     Existe uma diferença entre ter um dom e a capacidade de aprender inúmeras coisas. O ser humano tem uma capacidade imensa de aprender, até mesmo coisas paras as quais não se julga com habilidade. E, em certas áreas, quando uma pessoa “aprende” determinada coisa e é bem-sucedida é porque já tinha o dom para aquilo sem o ter descoberto ainda.
     Escrever é um dom que costuma se manifestar ainda na infância, através da facilidade em se escrever redações para a escola, diários e textos em geral. Escrever é um dom que anda de mãos dadas com a imaginação. Ela é a principal matéria prima do escritor. Pode-se pedir a um escritor que escreva sobre praticamente qualquer coisa, por mais banal que seja, e as palavras fluirão naturalmente para ele enquanto compuser seu texto. Então, não se pode aprender a ser escritor? Nesse caso, o que são “aprendizes de escritores”?
     Não se pode aprender a ser escritor porque escrever é uma habilidade ligada ao dom. Não se pode ensinar uma pessoa a ter imaginação e inspiração que não possui para colocar seus pensamentos e sentimentos em palavras. O que se pode aprender são técnicas de redação e de escrita, normas do idioma, mas, para que deem resultado, têm de ser embasadas por um dom já existente. Ou seja, uma pessoa com o dom de escrever pode lapidá-lo, aprimorá-lo com essas técnicas. Desse modo, o aprendiz de escritor é aquele que já nasce com o dom de escrever e procura aprimorá-lo. Ele aprende com seus mestres, não para imitá-los, mas para aperfeiçoar suas técnicas e se sentir encorajado por eles.
     Com a devida humildade, acho que tenho o dom para escrever. Sempre tive facilidade para elaborar textos. Desde pequena sempre fui apaixonada por livros e, inclusive, já quis ser jornalista. A vida me levou por outros caminhos, mas acabei estudando Letras e me tornando tradutora, sempre às voltas com literatura, idiomas, livros. Esses sempre foram temas recorrentes na minha vida. Dizem que o tradutor, embora sempre se mantendo fiel ao original, é um coautor de um livro. E, de fato, é o que acontece, o tradutor tem de transcrever no seu próprio idioma o texto original, fielmente, mas de uma maneira que se torne compreensiva e natural para o leitor. Entretanto, a inspiração e a imaginação para criar e escrever foram exclusivamente do autor.
     Além das técnicas e normas de seu próprio idioma que um escritor aprende para aprimorar o seu dom, ele também faz muitas pesquisas para os seus livros e, inclusive, viagens. Quanto mais experiências vivenciar, quanto mais bagagem emocional tiver, mais “material” o escritor terá para contribuir com o seu dom.

     Apesar de me julgar com o dom de escrever, nunca escrevi um livro de ficção, apenas artigos e crônicas. Acho que não tentei porque ainda não consegui me ver tecendo tramas capazes de cativar o leitor e conduzi-las a um desfecho surpreendente. Acredito que, ao escrever, tenhamos mais facilidade para algumas coisas do que para outras, e que, por enquanto, levo mais jeito para a não ficção. Até amadurecer esse lado, continuo como aprendiz de escritores nos meus blogs, escrevendo meus textos, lendo um livro atrás do outro e aprendendo com os mestres escritores.

Translation of the text The Art of Writing

The Art of Writing


As the saying goes, no one is born knowing everything, but we do know at least one thing when we are born. Our gift.  Whichever it will be the point in our lives that we will be able to discover and develop it.
     I believe writing is a gift, a vocation, that we have since we are little, such as painting or singing. What happens with gifts is that we are able to develop them, improve them with time. But if one does not have a specific gift when he/she is born _ and everybody has one or more of them _ it can’t be created, fabricated. When we try to do that, the result sounds false, artificial, or, at most, sufferable.
       There is a difference between having a gift and the capacity to learn countless things. The human being has a huge capacity of learning, even things he doesn’t think he’s capable of. And, in certain areas, when one “learns” a specific thing and succeeds it is because he/she already had the gift for that without realizing it yet.
     Writing is a gift that usually manifests itself still in childhood, through the easiness in writing essays for school, diaries and texts in general. Writing is a gift that walks hand in hand with imagination. Imagination is the main raw material of the writer. We can ask a writer to write about practically everything, even the most trivial things, and the words will flow naturally for him/her when composing his/her text.
     So we can’t learn to be a writer? In this case, who are the “writers’ apprentices”?
    One can’t learn to be a writer because writing is an ability connected to the gift. We can’t teach a person to have imagination and inspiration he doesn’t have to express his thoughts and feelings through words. What we can learn is writing techniques, rules of the language, but, for them to bear fruit, they must be supported by an already existing gift. Which means that a person who has the writing gift can improve it with those techniques. This way, the writer apprentice is the one who is already born with the writing gift and aims to improve it. He/she learns with masters, not to imitate them, but to improve his/her own techniques and feel encouraged by them.
    With the due humbleness, I think I have this writing gift. I’ve always had the ability to create texts. Since childhood, I’ve always loved books, and I wanted to be a journalist. Life took me through other paths, but I ended up studying Letters and becoming a translator, always dealing with literature, languages, books. These have always been recurrent themes in my life. Some say a translator, though always faithful to the original text, is a coauthor of a book. And, in fact, it is what happens; the translator has to transcribe the original text to his own language, faithfully, but in a way that is clear and natural to the reader. However, the inspiration and imagination to create and write belonged exclusively to the author.
    Besides the techniques and rules of his language that a writer learns to improve his gift, he also does a lot of research for his books, and also trips. The more experience in life a writer has, the more emotional baggage he possesses, more material he will have to add to his gift.
    Though I think I have a gift to write, I’ve never written a book, which is an old dream. I think I haven’t tried yet to write a book because I can’t see myself creating plots capable of captivating the reader and conduct him to a surprising ending. I believe that, when writing, we have more ability for certain things rather than others. I think I’m more suitable to write nonfiction, and, the day I write a book, it will probably be a self-help book.
Meanwhile, I’ll continue to be a writer’s apprentice in my blog, writing my texts, reading one book after another and learning with the master writers. tj*¬

Tradução do Texto A Arte da Escrita