Enfim, naquela ocasião importante, você adora se produzir toda e leva horas diante do espelho, tentando tirar o máximo de recursos dos seus apetrechos, só que o cabelo... Droga, o cabelo, que ficou bom em todas as vezes que você testou o penteado diante do espelho, resolve simplesmente não cooperar muito de repente!
Ou, então, você ajuda todo mundo a se arrumar para sair e só sobram míseros cinco minutos para si mesma. De qualquer jeito, a apressam e você acaba tendo até de pintar as unhas no banco do passageiro do carro, aplicando uma camada de esmalte em cada semáforo.
Invariavelmente, sonhamos com os nossos galãs de cinema, suspiramos diante de um lindo pôr do sol e rimos à toa de uma piada boba. Vivemos preocupadas com os quilinhos a mais e juramos que vamos entrar em forma. Adoramos bater papo com as amigas e trocar receitas de bolo. Falamos todas orgulhosas dos filhos e lembramos com saudosismo e melancolia os bons conselhos dos pais.
Ficamos aborrecidas quando não entramos naquela calça justa, mas nem ligamos se comemos uns dois ou três bombons. Amanhã a gente compensa fazendo um pouco de exercício a mais. Babamos olhando uma joia numa vitrine qualquer, mas o que nos faz felizes mesmo é uma linda bijuteria, dada com todo o carinho por uma amiga, um filho, ou o namorado. Resmungamos às vezes das tarefas de casa, mas adoramos deixar nosso lar um brinco, um recanto agradável e acolhedor onde podemos ser nós mesmas, mulheres tão comuns e especiais.
Quase temos um treco quando aparece uma espinha no rosto, outra ruga, mais alguns fios de cabelo branco, mas logo pode vir alguém nos abraçar e fazer com que nada disso tenha importância. Ficamos apreensivas antes de abrir um exame, roemos as unhas de ansiedade, saltamos de pavor diante de uma simples e confusa barata, mas somos fortes como uma rocha diante das nossas adversidades. Nos afligimos com os problemas dos outros e procuramos ajudar, porque as nossas amigas também nos ajudam quando nos veem soluçando. Sabemos fazer sorrir, sabemos rir de nós mesmas. Falamos pelos cotovelos, interrompemos a todo instante, mas sabemos quando é a hora de ouvir os outros.
Fazemos amigas em qualquer canto e lugar, contando nossa rotina diária numa fila de banco ou num consultório, dando dicas e conselhos umas às outras na feira, ou no mercado. Elogiamos a roupa ou o cabelo umas das outras quando percebemos que a nossa amiga está com a autoestima lá embaixo, porque somos amigas verdadeiras, sempre dispostas a encorajar as demais.
Trocamos confidências e fazemos, sim, uma fofoca inocente, ou outra, porque talvez seja da nossa natureza feminina. Pois adoramos ficar tricotando. Tentamos imitar as revistas, desejando um pouco de glamour também, naturalmente, mas logo esquecemos isso e voltamos à nossa vida comum porque sabemos como ela, no fundo, é especial.
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