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Sou Tradutora (inglês/português) profissional, formada em Letras-Tradução pela Universidade Anhembi-Morumbi, atuando há mais de 20 anos no campo técnico e especialmente literário. Traduzi mais de 190 livros até o presente, entre romances, livros de negócios, de autoajuda, biografias, guias, trabalhando como freelancer para editoras renomadas. Também escrevo artigos, crônicas, textos em geral, e acabo de publicar o “Meu Próprio Livro”. I'm a professional Translator (English/Portuguese), with a Letters/Translation degree. I've been working for more than 20 years in the area, with technical and especially literary translation. I’ve translated more than 190 books up to now, among novels, business books, biographies, self-help books, guides, working as a freelancer for renowned publishers. I also write articles, chronicles, general texts, and I’ve just published my own book, called “Meu Próprio Livro”.

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Onde quer que você esteja, sinta-se em casa aqui!
Wherever you are, feel at home here.
Donde quiera que estés, te sientas en casa acá.

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São inúmeros aqueles que não são mais escritores aprendizes, mas todos somos aprendizes de escritores para sempre...
There are countless ones who are no longer apprentice writers, but we are all writers' apprentices forever...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

2011 - No Mundo da Lua!


    
       Tenho uma amiga desde a adolescência que sempre se divertiu com o meu jeito, digamos, um tanto distraído. Recentemente, enviei uma mensagem a ela para contar um dos meus últimos "foras". E foi o seguinte:
"Marie, me esqueci de te contar esta:
     Num dia desses, desci do elevador. Logo olhei para a parede do corredor e pensei: Cadê o meu quadro de flores? O capacho também não estava na frente da minha porta. Pensei: “Será que o funcionário da limpeza o pegou para lavar, apesar de nunca fazer isso?” Enfim, senti falta do meu enfeite de sininhos com golfinhos na porta. Só, então, olhei para o número do apartamento (já com a chave na mão, prestes a colocá-la na fechadura).
     Eu tinha descido num andar acima do meu!
     Acontece que nós, intelectuais (Ah, ah!), não somos destrambelhados. Apenas costumamos estar com a mente em outro lugar... No mundo da lua!
Neste mundo “multitarefas" em que vivemos _ sendo que o certo seria fazermos uma coisa de cada vez _, acabei me tornando uma pessoa distraída no dia a dia. Ou talvez seja mesmo algo da minha natureza, não sei. No trabalho ou em questões mais sérias, compenso isso me empenhando para ter atenção redobrada no que faço. Agora, no cotidiano, é fato que, me juntando a todos, não me resta escolha, a não ser rir de mim mesma. Minha distração me leva a incontáveis micos, desde como vivo tentando entrar no carro errado na saída de algum lugar (Para mim, todos os carros prateados são praticamente iguais.) até como saí na rua um dia desses, sem perceber, com um brinco totalmente diferente do outro em cada orelha ou, ainda, num outro dia, quando tranquei a chave dentro do armário do vestiário e tive de chamar uma funcionária do lugar para arrebentar o cadeado com um baita alicate.
     Uma vez, quando ainda trabalhava como secretária numa empresa de engenharia, era véspera de feriadão _ uma quinta-feira _ e, depois do expediente, eu não teria aula na faculdade naquela noite. Assim, lá subi eu o quilômetro de sempre até o ponto, peguei minhas três conduções (ônibus/metrô/ônibus) e cheguei alegre e saltitante em casa, pronta para curtir a folga prolongada. Foi, então, naquele segundo, quando mal havia entrado em casa que me ocorreu: "Ai, esqueci o ventilador da firma ligado!"
     Pronto, foi quanto bastou para que meu feriadão fosse por água abaixo. Fiquei lá, me torturando, refazendo cada passo mentalmente, tentando lembrar se havia desligado o ventilador, mas nada. Havia um branco total na memória; em relação a apena isso, claro. Até de todas as músicas que eu tinha ouvido no meu inseparável walkman vermelho eu lembrava! "Vou ter que voltar lá!", pensei desanimada, imaginando a longa jornada de volta de cerca de uma hora e meia, ou a firma pegando fogo devido a algum curto causado pelo ventilador ligado.
     Só então tive a ideia óbvia. Liguei para um colega que morava mais perto da empresa, talvez a uns vinte minutos de lá. Ele se prontificou a ir checar para mim e teve de correr o risco de ser preso entrando pela janela, pois não havia mais vivalma na firma. E voilà! Quando ele entrou para verificar, o ventilador estava... desligado, no final das contas. Desde aquele dia, costumo checar se o gás está desligado umas duas vezes antes de ir dormir. Está longe de ser TOC. Simplesmente não tenho tempo para ter TOC, embora me compadeça muito de quem sofre desse mal. É algo terrível, pelo que se observa, mas tem tratamento, claro.
     Outra coisa que minha amiga adora relembrar é uma vez em que, seguindo ao encontro dela no ponto de ônibus para a ida à faculdade, contornei um carro atravessado na calçada sem notar que ele tinha batido na banca de jornal próxima e a arrastado junto (sem ninguém dentro, soube depois). É a velha distração.
     Já saí para a rua com uma toalha molhada de banho dependurada no braço... Só até a calçada. Pego o carrinho de compras dos outros em vez do meu no corredor do supermercado; troco nomes vez ou outra; pego ônibus errado ou desço fora do ponto; não noto absolutamente nenhuma diferença na mudança de decoração dos outros... essas coisas. Já me disseram que eu deveria caminhar com um GPS pela rua...
     Tenho outra amiga no meu grupo de e-mails para quem vivia repassando mensagens havia um bom tempo. Aqueles e-mails de antes da febre do facebook, com mensagens do tipo "Dicas para o seu bem-estar"; "Veja que imagens lindas!"; "Jesus te ama", “Repasse para 20 amigos, se não...” e por aí vai. Só que havia umas mensagens meigas que nós, garotas, costumávamos passar só para as mulheres do grupo, como "Amigas para sempre", "Adoro você, amiga", "Repasse este e-mail só para as amigas do peito" e, claro, aqueles e-mails com "saradões" que diziam "Vejam que pedaço de mau caminho", "Oh, homem danado de lindo", "Mama mia, esses são de tirar o fôlego". Vestidos, claro! Bom, sem camisa... né? Enfim, vocês sabem, meninas, aqueles e-mails inocentes, mas de encher os olhos, cheios de "pedaçudos*", só para admirar. Aconteceu, então, que, de repente, tive de mandar um e-mail confidencial, com um assunto muito sério, que era para ser conversado apenas entre nós duas e, claro, pedi absoluto sigilo a ela. Minha amiga me mandou um e-mail em resposta logo depois me dizendo que aquele endereço de e-mail que eu estava usando havia tempo era do marido dela!
     Ah, lembro também de uma vez em que fiz um importante ultrassom no laboratório errado, exatamente no mesmo prédio do laboratório em que o meu exame estava marcado. Lembro de outra vez, quando secretária, que simplesmente recebi um cliente da empresa, todo formal, que havia chegado para uma reunião com o diretor, com nada menos que dois beijinhos no rosto, sendo que deveria ter apenas trocado um aperto de mão com ele e olhe lá! Gelei na hora, percebendo o que havia feito, com a cabeça de vento sabe-se lá onde, mas tive que fingir indiferença, né?
     Num dia desses, numa fila para tirar fotos com famosos, falei a um jornalista ilustre que não queria tirar uma foto com ele, porque deu um "branco" qualquer na hora. Daí, o chamei, mas ele foi embora aborrecido... Certa vez, eu estava caminhando pela rua quando vi, pelo canto do olho, algumas moças sentadas na calçada. Uma delas falou algo comigo. Então, respondi gentilmente:
_ Desculpe, bem, mas estou sem trocado hoje.
Ela me disse:
_ Não, não, eu só perguntei que horas são!
     Houve aquelas vezes em que falei (não tão mal assim) de alguém e a pessoa estava bem atrás de mim, em que já troquei o açúcar pelo sal, já tentei remover esmalte de unha com o frasco de água oxigenada, comecei a escovar os dentes com pomada... Essas são clássicas, claro.
     Tudo isso é verdade, mas, exageros e brincadeiras à parte, há uns dois ou três anos, entrei num curso de Tai Chi Chuan. Entre todas as outras coisas excelentes, o Tai Chi tem me ensinado a correr menos, a ser mais calma e paciente, a parar para observar o mundo, e eu tenho aprendido a observar... a observar tudo que realmente importa. Mas isso já é uma outra história...

* Pedaçudo: Aproveito o ensejo para esclarecer uma pergunta que me fazem. O que vem a ser "pedaçudo"? Simples, na conotação acima, pedaçudo é gostoso. Geralmente, uma coisa boa fica melhor ainda quando tem pedaços de alguma outra coisa boa. Sorvete com pedaços de chocolate. Iogurte com pedaços de frutas. Barra de chocolate com pedaços de castanhas. Bolo de fubá com pedaços de goiabada. Enfim... acho que deu para entender. Pedaçudo: gostoso. Adoro a maneira como podemos brincar com as palavras, expressões e neologismos do nosso idioma. Aliás, acho que temos um idioma, digamos assim... pedaçudo!

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