Será que nós, os “Dinossauros da Escrita”,
também estamos entrando em extinção? Sei que o calo no meu dedo médio, aquele
que cresce de tanto escrevermos à caneta, já está quase sumindo... Cada vez
mais, as pessoas estão escrevendo menos e o mínimo possível, abreviando tudo o
que podem enquanto se comunicam pelas redes sociais.
Concordo que não há espaço para se escrever
muito e que, para se enviar uma mensagem do celular, a digitação não é das mais
cômodas. Eu mesma uso o celular apenas para fazer e receber ligações. É um
modelo bem simples e básico, vive desligado, pois trabalho em casa e nem sequer
decorei o número. Me atrapalho toda até para ver mensagens nele... O que dirá
para me conectar à internet!
Admito que um celular é bastante útil para
consultas e envio rápido de mensagens, especialmente para quem trabalha com
informações e precisa agilizar tudo. De modo geral, porém, noto que algumas
pessoas, além de não fazerem questão de escrever muito, quer seja à caneta, ou
no teclado, também estão ficando com preguiça de ler. Parece que a febre no facebook,
somada à dos selfies, é ir repassando coisas de outras páginas, dando
uma lida rápida, já de olho na próxima postagem a ver de relance e a
compartilhar. Se um texto tiver mais de cinco linhas, que fique para depois.
“Escrever muito também, para quê? Não levo jeito e ninguém vai ler mesmo. É
melhor ir repassando...” Se bem que, cada um na sua, claro.
Num mundo em que praticamente todas as
informações que precisamos estão ao
alcance de uma tecla, tem-se a impressão de
que algumas pessoas não fazem mais tanta questão de aprender, pesquisar, de se
aprimorar. A não ser quando se veem obrigadas pela escola, ou pelo cada vez
mais competitivo mercado de trabalho. Ou seja, não é uma coisa espontânea em
todos, aquela vontade de aprender. “Para quê? Está tudo lá. É só pesquisar na
internet!”
Nas
redes sociais, o comportamento geral das pessoas (incluindo a mim mesma) chega
a ser cômico. Muitos ficam ávidos pelos seus quinze minutos de fama virtual,
querendo “ser lidos” em vez de “ler”; um equivalente no mundo real a não ouvir
o outro, a apenas falar. Só que quase ninguém percebe que o que interessa a
muitos é repassar, repassar, compartilhar o que já existe numa enxurrada de
postagens que nos deixam até zonzos.
Ou retuitar,
retuitar (O aportuguesamento é meio esquisito, mas como “tuitar” já consta até
no Aurélio, para mim é lei.) Ah, e existem “clubes” só para seguir pessoas e oferecer
seguidores do Twitter à venda. Como assim? Voltei ao Twitter este ano, depois
de ter me afastado por falta de tempo, e não estou nem aí para esse negócio de
quantidade de seguidores. Deixo lá, posto as minhas coisinhas de maneira quase
artesanal, como digo, sigo quem gosto, e siga a minha página quem quiser. Sem
estresse. Mas cada um tem seu jeito.
Não estou querendo dizer que o que é
compartilhado pelos usuários das redes sociais não é bonito, interessante, ou
divertido. É claro que é, mas nota-se certo exagero. Eu também compartilho coisas
de páginas de curtir e acho que o que é bom tem de ser valorizado e admirado.
Do contrário, tudo o que os grandes mestres e gênios nos deixaram, teria sido em vão. Sem mencionar que
cada pessoa tem uma determinada aptidão. Se eu fosse encher os meus blogs com
os meus desenhos ao estilo pré-histórico, ficariam ridículos. Daí, admito que
também copio imagens de domínio público da internet para usar e que mantenho
uma página adicional só com citações de autores diversos no meu blog principal.
Em suma, precisamos uns dos outros na fascinante arte da criação... ou da boa e
assumida imitação em determinados casos. Apenas acho que não devemos nos
acomodar em relação àquilo que sabemos. O ideal é nos sentirmos estimulados a
criar o que estiver ao alcance e também a aprender mais e mais, a usar toda nossa
capacidade e até a nos superarmos.
Não sou contra essa
tecnologia toda. Meu princípio sempre foi o de que temos de aproveitar o que há
de melhor de dois mundos... quer estejam no espaço, tempo, cultura, etc.
De fato, toda essa facilidade de hoje em dia não tem preço. As redes
sociais são excelentes para entretenimento e trabalho quando bem empregadas.
Por outro lado, para uma pessoa que trabalha diariamente no PC, como eu, elas
podem se tornar um vício, consumindo tempo e energia demais se o uso não for
bem administrado.
O Twitter, por exemplo, funciona bem para
as celebridades, pois são seguidas pelas legiões de fãs e divulgam seu
trabalho. E não é que os famosos não queiram ler tudo o que os fãs escrevem. Eles
simplesmente não conseguiriam. É impossível! Eu mesma como uma pessoa comum,
com apenas duzentos e tantos seguidores na minha página, não consigo acompanhar
muito do que é postado. E no quesito comportamento nas redes sociais, já
existem dicas pelos quatro cantos sobre a maneira correta de se portar.
Também posto um selfie ou outro e trivialidades
ocasionalmente. Num desses dias mesmo, tirei umas fotos da minha sopa de
grão-de-bico e postei com a receita e tudo. Afinal, as redes sociais também
servem para as pessoas relaxarem, mostrarem um pouco do seu cotidiano. E é tudo
uma questão de ponto de vista. Há quem não deva aguentar mais me ouvir falar
sobre os meus blogs. Mas juro que passei a controlar a compulsão. Eu até andei
me tornando uma "especialista" em marketing caseiro, fazendo uso de
mil e uma estratégias (gratuitas) para divulgar os blogs, embora não tenham
fins lucrativos, sejam praticamente ONGs. Bobagem... Mas eles me dão aquela
satisfação pessoal que também não tem preço. E qual é a finalidade dessa divulgação?,
me pergunto às vezes. A de que leiam minhas coisas e gostem delas?
Provavelmente. Deve ser algo parecido com o pavor de se apresentar para uma
plateia vazia...
Não sei se, como “Dinossauro da Escrita”
que sou, do tipo que ainda adora uma caneta e papel quando tem chance, escrevo
bem ou não. Só sei que escrevo sobre qualquer coisa. É só dar o tema. Posso
escrever umas cinco páginas sobre uma simples tampinha de garrafa, ou qualquer
outra coisa. Acho que também “falo pelos cotovelos” por escrito. Sem mencionar
que falo, interrompo ou completo as frases dos outros _ tudo aquilo que o
pessoal da etiqueta aponta que é errado, indelicado. Mas não é que eu não tenha
interesse pelo que os outros dizem ou escrevem. Ao contrário, me envolvo tanto
na conversa ou debate que preciso expor as minhas opiniões enquanto tenho a
oportunidade. Venho me esforçando para corrigir esse lado ansioso.
Para concluir, receio que _ além de todos
os perigos que já são divulgados e que pairam à espreita no lado sombrio da
internet _, de tanto repassar, copiar, repassar, as pessoas acabem se
esquecendo de criar. Receio que, de tanto encontrar tudo pronto, as pessoas se
esqueçam de edificar, de construir.
Não podemos desacelerar a
nossa evolução intelectual. Tem de ficar sempre claro que somos nós, os seres
humanos, que abastecemos a internet com todas aquelas informações que nós
mesmos buscamos.
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