Todo ser humano precisa ter, ao menos, noções básicas sobre os assuntos
da vida em geral. Apesar de ainda haver preconceito hoje em dia
_ e quem tem preconceito contra alguém por alguma razão esquece que, de um
jeito ou de outro, também é objeto de preconceito alheio _, a retrógrada
mentalidade de que certos assuntos pertencem aos homens e outros, às
mulheres tem mudado bastante, felizmente. As coisas evoluíram muito em relação
à antigamente, os “universos” feminino e masculino têm se mesclado de uma
maneira positiva em diversas áreas.
O ponto que quero ressaltar aqui, porém, não
está relacionado a machismo, feminismo, guerra dos sexos e assuntos desse tipo.
Está mais voltado para o ser humano em
si. Ninguém é empregado pessoal
de ninguém _ com exceção dos que são especificamente contratados para isso e
são remunerados de acordo.
Há
pessoas que fazem os outros de empregado, como o marido que fica com a bunda
grudada na poltrona e não levanta nem para pegar um copo de água, mandando a
mulher ir buscá-lo. Há a mulher que chama o marido só porque acabou a luz
(acenda uma vela, criatura!), ou liga a todo o instante para o serviço dele
para pedir que “passe no caminho” e leve algo para casa. Há a criança que chama
a mãe para tudo... Tanto que a palavra “mãe” fica gravada, ecoando no ouvido
dela eternamente, e ela se vira para olhar a cada “mãe” proferido por toda e
qualquer criança ao redor. E assim por diante. A maioria das pessoas, no
entanto, pede determinadas coisas aos outros porque não consegue fazê-las
sozinha.
Não estou dizendo que o ser humano deva ser
autossuficiente. Ao contrário; ninguém é autossuficiente. Todos precisam dos
outros em vários momentos da vida, nem que seja apenas de apoio moral. E, em
muitas situações, é bom mostrarmos ao outro que precisamos dele, fazer com que
se sinta útil e necessário. A questão a que me refiro aqui é a da dependência
excessiva das outras pessoas; algo que, por sua vez, pode sufocá-las.
Quando aprendemos ao menos um pouquinho de tudo que é possível, temos
mais condições de nos virar sozinhos e, muitas vezes, não sofrer por falta de
ajuda, ou por ter de pagar caro por ela. Acredito que todo ser humano tem
capacidade para tudo. Ela é desenvolvida de acordo com as aptidões, vocações,
preferências e as habilidades que temos mais para determinada coisa do que para
outra. Precisa ser assim para o equilíbrio no mundo.
Há muitas coisas que não aprendemos
simplesmente porque não queremos, não despertam nosso interesse, não nos
parecem necessárias. Mas acho que é válido e útil termos ao menos uma base, uma
noção, de tudo que for possível. O homem que nunca chegou perto do fogão talvez
sofra mais tarde, quando se vir obrigado a preparar algo para comer... ou tiver
de depender de uma nora malévola para fazer a comida para ele. A garota que
nunca pregou um botão, nem nunca passou perto de uma agulha de costura para
nada, vai ter de deixar o precioso dinheiro da maquiagem na loja de consertos
de roupas da esquina. A mulher que nunca colocou um prego na parede terá de
viver atormentando o zelador do prédio para qualquer coisinha (e pagar por
isso). A criança que nunca aprendeu a arrumar a bagunça do seu quarto,
provavelmente vai ser desorganizada pelo resto da vida. A pessoa que não
entende absolutamente nada de carros está sujeita a cair nas garras de algum
mecânico mal-intencionado. E assim por diante...
Quantos casos não ouvimos, por exemplo, de mulheres que sofrem maus
tratos do marido, ou que são traídas descaradamente e continuam se sujeitando a
uma vida de sofrimento porque não têm preparo algum para se manter sozinhas. Acho
que ser dona de casa deve ser uma escolha, não uma imposição. Uma jovem deve
estudar, trabalhar fora, ter sua profissão, construir sua carreira. Se, apesar
de tudo isso, um dia decidir se dedicar só ao marido, ao lar e aos filhos e for
feliz assim, perfeito. Mas conseguindo conciliar casa e profissão, ela não
apenas mantém a sua retaguarda em qualquer situação, como também ajuda o marido
nas despesas do lar e contribui para um futuro melhor para o casal.
O
jovem que não se acomoda, que aproveita a chance de estudar e ter uma boa
profissão, não se sujeitará um dia a um trabalho que não seja gratificante,
apenas para ter um meio de sustento.
Todos devemos aproveitar essa maravilhosa capacidade de aprendizado que
nos foi concedida, desfrutá-la como a dádiva que é. E nunca é tarde para
aprender, nem para mudar. Basta ter boa vontade, não alimentar preconceitos
bobos, ter perseverança e determinação, pois qualquer situação desfavorável
poderá ser revertida. Devemos buscar nossa felicidade e, se nos virmos
infelizes _ às vezes por situações bem triviais como a dependência excessiva
dos outros para coisas simples _, nunca é tarde para aprender.
Há,
naturalmente, inúmeras coisas que não faço (nem tento) como lidar com
eletricidade, encanamento, conserto de telhado, etc., mas aí acho que já
estamos naquela questão de chamar um especialista para cada caso. Muitas vezes
o “Faça Você Mesmo” acaba tendo consequências desastrosas e é aí que deve
entrar o “Cada Um na Sua”.
Outra coisa que confesso que
não faço é matar barata (nem com inseticida!). As danadas têm a tendência de
“avançar” para cima das pessoas; ou de despencar mortas em cima da gente, ou de
voar mesmo desorientas na nossa direção... Sabe-se lá por quê! Na categoria
“bicharocos” em geral _ insetos _ sou uma negação, admito. Entre milhares de
histórias em que fui vítima dessas pestes, destaco para ilustrar a vez em que
joguei uns duzentos baldes de água em cima de uma aranha enorme, que estava no
quintal, para tentar afastá-la na direção do ralo mais próximo... e nada! Daí,
não pensei duas vezes. Chamei uma vizinha, relatei meu apuro e, com invejável
sangue frio, ela se livrou da aranha em dez segundos.
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Cada dia é uma página em branco.
Seja hoje uma pessoa melhor do
que você foi ontem. tj*¬
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